sexta-feira, 1 de junho de 2007

COMO FAZER UM CURSO SOBRE LEITURA E DISLEXIA





A dislexia é uma dificuldade específica em leitura. A persistência da dificuldade leitora não só caracteriza a síndrome como também e repercute no sistema da escrita (produção de textos e ortografia). É um consenso dos estudiosos da Europa, EUA e Brasil, que a dislexia é uma das causas do fracasso escolar na educação básica(ensino fundamental e ensino médio).

Como disléxico, o professor Vicente Martins, mestre em educação brasileira pela Universidade Federal do Ceará(UFC), vem estudando a síndrome disléxica há mais de uma década.

Se sua escola deseja que os professores façam, em final de semana (sábado e domingo, 15 horas/aula) ou em período de férias (20 ou 40 h/a), um Curso de Capacitação em Dislexia, contrate o serviço do professor Vicente Martins, docente da Universidade Estadual Vale do Acaraú(UVA), em Sobral, no Estado do Ceará.

O professor criou o termo dislexiologia, relacionado com o ramo da Psicolingüística, para estudar os modelos e processos leitores, na sua Universidade e na formação de novos e futuros docentes.

Para o caso de elaboração do monografia, o professor disponibliza textos para estudos e pesquisas, material que é utilizado no Curso de Capacitação em Dislexia. Basta entrar em contato com o professor Vicente Martins:
e-mail: vicente.martins@uol.com.br

O Curso de Capacitação em Dislexia apresenta sugestões práticas para o professor como lidar com as crianças disléxicas em sala de

Para maiores informações: vicente.martins@uol.com.br
Telefone em Fortaleza: 088-32915271
Ou ainda: Telefone: (088) – 3611-6669 (Pró-Reitoria de Educação Continuada)Celular: (088) – 99110892 (profissional)


Conheça os temas das palestras sobre dislexia e outras síndromes correlatas (disgrafia e disortografia) do Professor Vicente Martins (vicente.martins@uol.mr. br) ou a proposta do Curso de Capacitação em Dislexia de 20, 40 ou 60 horas/aula em sua cidade, em sua escola.

1. Ementa

O Curso de Capacitação em Dislexia focaliza as estratégias de intervenção didática na reabilitação de educandos com necessidades educacionais especiais, particularmente as dificuldades específicas em leitura. São estudados métodos, técnicas e recursos para o tratamento da dislexia em sala de aula.

2. Natureza do curso

A leitura está tão presente m nossas vidas que acaba por nos parecer uma atividade “natural”, como a visão ou a audição.
Basta pensar no que ocorre quando aparece ante nossos olhos uma palavra escrita, uma vez vista é impossível no lê-la, como quando vemos um objeto ou ouvimos um som não podemos nos negar a percebê-los. Lemos, pois, com a mesma espontaneidade e gratuidade com a que reconhecemos um objeto, um rosto ou uma melodia.
Talvez por isso nos rebelamos ante a evidência de uma parte importante de nossos alunos escolarizados mostram graves insuficiências e dificuldades no seu domínio.

Parece como se esperássemos que esta facilidade com a que trabalhamos na leitura, lhe correspondesse outra semelhante para alcançar seu domínio. Nada mais longe, no entanto, da realidade.
A leitura precisa um longo e em certa medida laborioso processo de aprendizagem, no que devemos adquirir e automatizar um amplo número de habilidades que tem de operar de uma forma ordenada.
Por tudo isso, ao fracassar na leitura, truncamos um amplo conjunto de possibilidade expressivas e receptivas que são decisivas para adquirir tudo quanto nossa cultura reclama a seus membros.

3. Objetivos
 Valorizar e conhecer a importância dos distintos pré-requisitos necessários parta uma correta aprendizagem da leitura
 Estudar e analisar as principais investigações sobre leitura e os modelos explicativos mais relevantes
 Proporcionar conhecimentos básicos sobre os processos psicológicos envolvidos na leitura
 Conhecer as dificuldades mais comuns que podem ocorrer em sala dev aula: atraso leitor e dislexias.
 Conhecer os métodos, técnicos e recursos para seu tratamento.
 Elaborar estratégias de intervenção didática na aprendizagem e reabilitação das dificuldades leitoras.

4. Conteúdos

Tema 1.- MECANISMOS NEUROBIOLÓGICOS DA LEITURA

1.1. Estruturas receptivo-visuais
1.2. Canal informante óptico
1.3. Áreas receptoras costicais do sistema visual

Tema 2. – DIFICULDADES NA APRENDIZAGEM DA LEITURA

2.1. Evolução histórica dos estudos sobre as dificuldades de aprendizagem da leitura
2.2. Maturidade para a leitura. Pré-requisitos para a aprendizagem da leitura como processo de decodificação- Desenvolvimento da consciência fonológica- Fatores lingüísticos- Fatores cognitivos
2.3. Processos psicológicos envolvidos na leitura- Processos perceptivo-visuais- Proceso de acesso ao signifiado- processo sintático e semântico

Tema 3. – ALTERAÇÕES NA APRENDIZAGEM DA LEITURA

3.1. Atraso leitor versus dislexia
3.2. Tipos de dislexia- Dislexia evolutiva- Dislexia profunda
3.3. Conceito, tipologia, avaliação e intervenção

Tema 4. – PROVAS PADRONIZADAS PARA A AVALIAÇÃO DO RENDIMENTO EM LEITURA
4.1. Estudo de casos
4.2. Escalas, provas, testeTeste de análise em leitura
4.3. Programa de treinamento em leitura

5. Metodologia

Exposição dos temas treóricoo-básicos (servindo-se de apoios visuais, power-point, vídeos) estabelecendo uma relação e comunicação com os alunos, que estimule seu interesse pelo conhecimento, em uma clima de participação e intercâmbio. Reflexão pessoal e participação, nas atividades de sala de aula, são fundamentais no desenvolvimento do curso. Elaboração conjunta com os alunos do vocabulário específico na área de dislexiologia. Entrega de resenhas e pequenos artigos e apoio bibliográfico Exposição em sala de casos preparados pelos alunos

6. Critérios de avaliação e qualificação
 Realizar-se-á através de:
Provas escritas, perguntas oriais na sala de aula e entrega de trabalhos práticos relacionados com o programa do curso.
 Realizar-se-ão duas provas e escritas, uma por cada 10 horas/aula de atividade. Participação na condução da sala de aula com perguntas sobre dúvidas e comunicação sobre experiências do tema tratado. Exposição de casos, leituras, em sala de aula, nos que mostram sua capacidade de organização, síntese, uso correto do vocabulário específico, fundamentação teórica e prática e expressão oral Respeito aos demais alunos e professor manifestado por suav conduta conduta de atenção e interesse durante as aulas

7. Bibliografia

1. ALLIEND, G. Felipe, CONDEMARÍN, Mabel. Leitura: teoria, avaliação e desenvolvimento. Tradução de José Cláudio de Almeida Abreu. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.

2. COLOMER, Teresa, CAMPS, Anna. Ensinar a ler, ensinar a compreender. Tradução de Fátima Murad. Porto Alegre: Artes Médicas, 2002.

3. CONDEMARÍN, Mabel e MEDINA, Alejandra. A avaliação autêntica: um meio para melhorar as competências em linguagem e comunicação. Tradução de Fátima Murad. Porto Alegre? Artmed, 2005

4. CONDEMARÍN, Mabel, BLOMQUIST, Marlys. Dislexia: manual de leitura corretiva. Tradução de Ana Maria Netto Machado. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.

5. TACKHOUSE, Joy. (orgs.) Dislexia, fala e linguagem: um manual do profissional. Tradução de Magda França Lopes.Porto Alegre: Artmed, 2004. pp.183-202.

6. FULGENCIO, Lúcia, LIBERATO, Yara Goulart. Como facilitar a leitura. São Paulo: Contexto, 1992. (Coleção repensando a língua portuguesa)

7. GALLEGO, Maria Soledad Carrillo, SERRANO, Javier Marin. Desarrollo metafonológico e adquisición de la lectura: un estudio de entrenamiento. Madrid: CIDE, 1996. (colección investigación, n.122)

8. GARCIA, Jesus Nicacio. Manual de dificuldades de aprendizagem: linguagem, leitura, escrita e matemática. Tradução de Jussara Haubert Rodrigues. Porto Alegre: Artes Médicas, 26. LECOURS, André Roch, PARENTE, Maria Alice de Mattos Pimenta. Dislexia: implicações do sistema de escrita do português. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

9. MARTINS, Vicente. A dislexia em sala de aula. In: PINTO, Maria Alice (org.). Psicopedagogia: diversas faces, múltiplos olhares. São Paulo: Olho d’Água, 2003.

10. MORAIS, José. A arte de ler. São Paulo: Unesp, 1996. 10. PÉREZ, Francisco Carvajal, García, Joaquín Ramos (orgs). Ensinar ou aprender a ler e a escrever? Aspectos teóricos do processo de construção significativa, funcionamento e compartilhada do código escrito. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001.

11. SNOWLING, Margaret e STACKHOUSE, Joy. (orgs.) Dislexia, fala e linguagem: um manual do profissional. Tradução de Magda França Lopes.Porto Alegre: Artmed, 2004.


O professor Vicente Martins, palestrante, mestre em educação pela Universidade Federal do Ceará(UFC), graduado e pós-graduado em Letras pela Universidade Estadual do Ceará(UECE). Há 14 anos, é professor do Curso de Letras (graduação e pós-graduação) e de Psicopedagogia (pós-Graduação) da Universidade Estadual Vale do Acaraú(UVA, em Sobral, Estado do Ceará, Brasil). Dedica-se, entusiasticamente, ao estudo e pesquisa sobre as dificuldades de aprendizagem em leitura (dislexia), escrita(disgrafia) e ortografia(disortografia). E-mail: vicente.martins@uol.com.br

COMO LIDAR COM A DISLEXIA EM SALA DE AULA







A dislexia é uma dificuldade específica em leitura. A persistência da dificuldade leitora não só caracteriza a síndrome como também e repercute no sistema da escrita (produção de textos e ortografia). É um consenso dos estudiosos da Europa, EUA e Brasil, que a dislexia é uma das causas do fracasso escolar na educação básica(ensino fundamental e ensino médio).

Como disléxico, o professor Vicente Martins, mestre em educação brasileira pela Universidade Federal do Ceará(UFC), vem estudando a síndrome disléxica há mais de uma década.

Se sua escola deseja que os professores façam, em final de semana (sábado e domingo, 15 horas/aula) ou em período de férias (20 ou 40 h/a), um Curso de Capacitação em Dislexia, contrate o serviço do professor Vicente Martins, docente da Universidade Estadual Vale do Acaraú(UVA), em Sobral, no Estado do Ceará.

O professor criou o termo dislexiologia, relacionado com o ramo da Psicolingüística, para estudar os modelos e processos leitores, na sua Universidade e na formação de novos e futuros docentes.

Para o caso de elaboração do monografia, o professor disponibliza textos para estudos e pesquisas, material que é utilizado no Curso de Capacitação em Dislexia. Basta entrar em contato com o professor Vicente Martins:
e-mail: vicente.martins@uol.com.br

O Curso de Capacitação em Dislexia apresenta sugestões práticas para o professor como lidar com as crianças disléxicas em sala de

Para maiores informações: vicente.martins@uol.com.br
Telefone em Fortaleza: 088-32915271
Ou ainda: Telefone: (088) – 3611-6669 (Pró-Reitoria de Educação Continuada)Celular: (088) – 99110892 (profissional)


Conheça os temas das palestras sobre dislexia e outras síndromes correlatas (disgrafia e disortografia) do Professor Vicente Martins (vicente.martins@uol.mr. br) ou a proposta do Curso de Capacitação em Dislexia de 20, 40 ou 60 horas/aula em sua cidade, em sua escola.

1. Ementa

O Curso de Capacitação em Dislexia focaliza as estratégias de intervenção didática na reabilitação de educandos com necessidades educacionais especiais, particularmente as dificuldades específicas em leitura. São estudados métodos, técnicas e recursos para o tratamento da dislexia em sala de aula.

2. Natureza do curso

A leitura está tão presente m nossas vidas que acaba por nos parecer uma atividade “natural”, como a visão ou a audição.
Basta pensar no que ocorre quando aparece ante nossos olhos uma palavra escrita, uma vez vista é impossível no lê-la, como quando vemos um objeto ou ouvimos um som não podemos nos negar a percebê-los. Lemos, pois, com a mesma espontaneidade e gratuidade com a que reconhecemos um objeto, um rosto ou uma melodia.
Talvez por isso nos rebelamos ante a evidência de uma parte importante de nossos alunos escolarizados mostram graves insuficiências e dificuldades no seu domínio.

Parece como se esperássemos que esta facilidade com a que trabalhamos na leitura, lhe correspondesse outra semelhante para alcançar seu domínio. Nada mais longe, no entanto, da realidade.
A leitura precisa um longo e em certa medida laborioso processo de aprendizagem, no que devemos adquirir e automatizar um amplo número de habilidades que tem de operar de uma forma ordenada.
Por tudo isso, ao fracassar na leitura, truncamos um amplo conjunto de possibilidade expressivas e receptivas que são decisivas para adquirir tudo quanto nossa cultura reclama a seus membros.

3. Objetivos
 Valorizar e conhecer a importância dos distintos pré-requisitos necessários parta uma correta aprendizagem da leitura
 Estudar e analisar as principais investigações sobre leitura e os modelos explicativos mais relevantes
 Proporcionar conhecimentos básicos sobre os processos psicológicos envolvidos na leitura
 Conhecer as dificuldades mais comuns que podem ocorrer em sala dev aula: atraso leitor e dislexias.
 Conhecer os métodos, técnicos e recursos para seu tratamento.
 Elaborar estratégias de intervenção didática na aprendizagem e reabilitação das dificuldades leitoras.

4. Conteúdos

Tema 1.- MECANISMOS NEUROBIOLÓGICOS DA LEITURA

1.1. Estruturas receptivo-visuais
1.2. Canal informante óptico
1.3. Áreas receptoras costicais do sistema visual

Tema 2. – DIFICULDADES NA APRENDIZAGEM DA LEITURA

2.1. Evolução histórica dos estudos sobre as dificuldades de aprendizagem da leitura
2.2. Maturidade para a leitura. Pré-requisitos para a aprendizagem da leitura como processo de decodificação- Desenvolvimento da consciência fonológica- Fatores lingüísticos- Fatores cognitivos
2.3. Processos psicológicos envolvidos na leitura- Processos perceptivo-visuais- Proceso de acesso ao signifiado- processo sintático e semântico

Tema 3. – ALTERAÇÕES NA APRENDIZAGEM DA LEITURA

3.1. Atraso leitor versus dislexia
3.2. Tipos de dislexia- Dislexia evolutiva- Dislexia profunda
3.3. Conceito, tipologia, avaliação e intervenção

Tema 4. – PROVAS PADRONIZADAS PARA A AVALIAÇÃO DO RENDIMENTO EM LEITURA
4.1. Estudo de casos
4.2. Escalas, provas, testeTeste de análise em leitura
4.3. Programa de treinamento em leitura

5. Metodologia

Exposição dos temas treóricoo-básicos (servindo-se de apoios visuais, power-point, vídeos) estabelecendo uma relação e comunicação com os alunos, que estimule seu interesse pelo conhecimento, em uma clima de participação e intercâmbio. Reflexão pessoal e participação, nas atividades de sala de aula, são fundamentais no desenvolvimento do curso. Elaboração conjunta com os alunos do vocabulário específico na área de dislexiologia. Entrega de resenhas e pequenos artigos e apoio bibliográfico Exposição em sala de casos preparados pelos alunos

6. Critérios de avaliação e qualificação
 Realizar-se-á através de:
Provas escritas, perguntas oriais na sala de aula e entrega de trabalhos práticos relacionados com o programa do curso.
 Realizar-se-ão duas provas e escritas, uma por cada 10 horas/aula de atividade. Participação na condução da sala de aula com perguntas sobre dúvidas e comunicação sobre experiências do tema tratado. Exposição de casos, leituras, em sala de aula, nos que mostram sua capacidade de organização, síntese, uso correto do vocabulário específico, fundamentação teórica e prática e expressão oral Respeito aos demais alunos e professor manifestado por suav conduta conduta de atenção e interesse durante as aulas

7. Bibliografia

1. ALLIEND, G. Felipe, CONDEMARÍN, Mabel. Leitura: teoria, avaliação e desenvolvimento. Tradução de José Cláudio de Almeida Abreu. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.

2. COLOMER, Teresa, CAMPS, Anna. Ensinar a ler, ensinar a compreender. Tradução de Fátima Murad. Porto Alegre: Artes Médicas, 2002.

3. CONDEMARÍN, Mabel e MEDINA, Alejandra. A avaliação autêntica: um meio para melhorar as competências em linguagem e comunicação. Tradução de Fátima Murad. Porto Alegre? Artmed, 2005

4. CONDEMARÍN, Mabel, BLOMQUIST, Marlys. Dislexia: manual de leitura corretiva. Tradução de Ana Maria Netto Machado. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.

5. TACKHOUSE, Joy. (orgs.) Dislexia, fala e linguagem: um manual do profissional. Tradução de Magda França Lopes.Porto Alegre: Artmed, 2004. pp.183-202.

6. FULGENCIO, Lúcia, LIBERATO, Yara Goulart. Como facilitar a leitura. São Paulo: Contexto, 1992. (Coleção repensando a língua portuguesa)

7. GALLEGO, Maria Soledad Carrillo, SERRANO, Javier Marin. Desarrollo metafonológico e adquisición de la lectura: un estudio de entrenamiento. Madrid: CIDE, 1996. (colección investigación, n.122)

8. GARCIA, Jesus Nicacio. Manual de dificuldades de aprendizagem: linguagem, leitura, escrita e matemática. Tradução de Jussara Haubert Rodrigues. Porto Alegre: Artes Médicas, 26. LECOURS, André Roch, PARENTE, Maria Alice de Mattos Pimenta. Dislexia: implicações do sistema de escrita do português. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

9. MARTINS, Vicente. A dislexia em sala de aula. In: PINTO, Maria Alice (org.). Psicopedagogia: diversas faces, múltiplos olhares. São Paulo: Olho d’Água, 2003.

10. MORAIS, José. A arte de ler. São Paulo: Unesp, 1996. 10. PÉREZ, Francisco Carvajal, García, Joaquín Ramos (orgs). Ensinar ou aprender a ler e a escrever? Aspectos teóricos do processo de construção significativa, funcionamento e compartilhada do código escrito. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001.

11. SNOWLING, Margaret e STACKHOUSE, Joy. (orgs.) Dislexia, fala e linguagem: um manual do profissional. Tradução de Magda França Lopes.Porto Alegre: Artmed, 2004.


O professor Vicente Martins, palestrante, mestre em educação pela Universidade Federal do Ceará(UFC), graduado e pós-graduado em Letras pela Universidade Estadual do Ceará(UECE). Há 14 anos, é professor do Curso de Letras (graduação e pós-graduação) e de Psicopedagogia (pós-Graduação) da Universidade Estadual Vale do Acaraú(UVA, em Sobral, Estado do Ceará, Brasil). Dedica-se, entusiasticamente, ao estudo e pesquisa sobre as dificuldades de aprendizagem em leitura (dislexia), escrita(disgrafia) e ortografia(disortografia). E-mail: vicente.martins@uol.com.br

CURSO DE DISLEXIA PARA DOCENTES




A dislexia é uma dificuldade específica em leitura. A persistência da dificuldade leitora não só caracteriza a síndrome como também e repercute no sistema da escrita (produção de textos e ortografia). É um consenso dos estudiosos da Europa, EUA e Brasil, que a dislexia é uma das causas do fracasso escolar na educação básica(ensino fundamental e ensino médio).

Como disléxico, o professor Vicente Martins, mestre em educação brasileira pela Universidade Federal do Ceará(UFC), vem estudando a síndrome disléxica há mais de uma década.

Se sua escola deseja que os professores façam, em final de semana (sábado e domingo, 15 horas/aula) ou em período de férias (20 ou 40 h/a), um Curso de Capacitação em Dislexia, contrate o serviço do professor Vicente Martins, docente da Universidade Estadual Vale do Acaraú(UVA), em Sobral, no Estado do Ceará.

O professor criou o termo dislexiologia, relacionado com o ramo da Psicolingüística, para estudar os modelos e processos leitores, na sua Universidade e na formação de novos e futuros docentes.

Para o caso de elaboração do monografia, o professor disponibliza textos para estudos e pesquisas, material que é utilizado no Curso de Capacitação em Dislexia. Basta entrar em contato com o professor Vicente Martins:
e-mail: vicente.martins@uol.com.br

O Curso de Capacitação em Dislexia apresenta sugestões práticas para o professor como lidar com as crianças disléxicas em sala de

Para maiores informações: vicente.martins@uol.com.br
Telefone em Fortaleza: 088-32915271
Ou ainda: Telefone: (088) – 3611-6669 (Pró-Reitoria de Educação Continuada)Celular: (088) – 99110892 (profissional)


Conheça os temas das palestras sobre dislexia e outras síndromes correlatas (disgrafia e disortografia) do Professor Vicente Martins (vicente.martins@uol.mr. br) ou a proposta do Curso de Capacitação em Dislexia de 20, 40 ou 60 horas/aula em sua cidade, em sua escola.

1. Ementa

O Curso de Capacitação em Dislexia focaliza as estratégias de intervenção didática na reabilitação de educandos com necessidades educacionais especiais, particularmente as dificuldades específicas em leitura. São estudados métodos, técnicas e recursos para o tratamento da dislexia em sala de aula.

2. Natureza do curso

A leitura está tão presente m nossas vidas que acaba por nos parecer uma atividade “natural”, como a visão ou a audição.
Basta pensar no que ocorre quando aparece ante nossos olhos uma palavra escrita, uma vez vista é impossível no lê-la, como quando vemos um objeto ou ouvimos um som não podemos nos negar a percebê-los. Lemos, pois, com a mesma espontaneidade e gratuidade com a que reconhecemos um objeto, um rosto ou uma melodia.
Talvez por isso nos rebelamos ante a evidência de uma parte importante de nossos alunos escolarizados mostram graves insuficiências e dificuldades no seu domínio.

Parece como se esperássemos que esta facilidade com a que trabalhamos na leitura, lhe correspondesse outra semelhante para alcançar seu domínio. Nada mais longe, no entanto, da realidade.
A leitura precisa um longo e em certa medida laborioso processo de aprendizagem, no que devemos adquirir e automatizar um amplo número de habilidades que tem de operar de uma forma ordenada.
Por tudo isso, ao fracassar na leitura, truncamos um amplo conjunto de possibilidade expressivas e receptivas que são decisivas para adquirir tudo quanto nossa cultura reclama a seus membros.

3. Objetivos
 Valorizar e conhecer a importância dos distintos pré-requisitos necessários parta uma correta aprendizagem da leitura
 Estudar e analisar as principais investigações sobre leitura e os modelos explicativos mais relevantes
 Proporcionar conhecimentos básicos sobre os processos psicológicos envolvidos na leitura
 Conhecer as dificuldades mais comuns que podem ocorrer em sala dev aula: atraso leitor e dislexias.
 Conhecer os métodos, técnicos e recursos para seu tratamento.
 Elaborar estratégias de intervenção didática na aprendizagem e reabilitação das dificuldades leitoras.

4. Conteúdos

Tema 1.- MECANISMOS NEUROBIOLÓGICOS DA LEITURA

1.1. Estruturas receptivo-visuais
1.2. Canal informante óptico
1.3. Áreas receptoras costicais do sistema visual

Tema 2. – DIFICULDADES NA APRENDIZAGEM DA LEITURA

2.1. Evolução histórica dos estudos sobre as dificuldades de aprendizagem da leitura
2.2. Maturidade para a leitura. Pré-requisitos para a aprendizagem da leitura como processo de decodificação- Desenvolvimento da consciência fonológica- Fatores lingüísticos- Fatores cognitivos
2.3. Processos psicológicos envolvidos na leitura- Processos perceptivo-visuais- Proceso de acesso ao signifiado- processo sintático e semântico

Tema 3. – ALTERAÇÕES NA APRENDIZAGEM DA LEITURA

3.1. Atraso leitor versus dislexia
3.2. Tipos de dislexia- Dislexia evolutiva- Dislexia profunda
3.3. Conceito, tipologia, avaliação e intervenção

Tema 4. – PROVAS PADRONIZADAS PARA A AVALIAÇÃO DO RENDIMENTO EM LEITURA
4.1. Estudo de casos
4.2. Escalas, provas, testeTeste de análise em leitura
4.3. Programa de treinamento em leitura

5. Metodologia

Exposição dos temas treóricoo-básicos (servindo-se de apoios visuais, power-point, vídeos) estabelecendo uma relação e comunicação com os alunos, que estimule seu interesse pelo conhecimento, em uma clima de participação e intercâmbio. Reflexão pessoal e participação, nas atividades de sala de aula, são fundamentais no desenvolvimento do curso. Elaboração conjunta com os alunos do vocabulário específico na área de dislexiologia. Entrega de resenhas e pequenos artigos e apoio bibliográfico Exposição em sala de casos preparados pelos alunos

6. Critérios de avaliação e qualificação
 Realizar-se-á através de:
Provas escritas, perguntas oriais na sala de aula e entrega de trabalhos práticos relacionados com o programa do curso.
 Realizar-se-ão duas provas e escritas, uma por cada 10 horas/aula de atividade. Participação na condução da sala de aula com perguntas sobre dúvidas e comunicação sobre experiências do tema tratado. Exposição de casos, leituras, em sala de aula, nos que mostram sua capacidade de organização, síntese, uso correto do vocabulário específico, fundamentação teórica e prática e expressão oral Respeito aos demais alunos e professor manifestado por suav conduta conduta de atenção e interesse durante as aulas

7. Bibliografia

1. ALLIEND, G. Felipe, CONDEMARÍN, Mabel. Leitura: teoria, avaliação e desenvolvimento. Tradução de José Cláudio de Almeida Abreu. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.

2. COLOMER, Teresa, CAMPS, Anna. Ensinar a ler, ensinar a compreender. Tradução de Fátima Murad. Porto Alegre: Artes Médicas, 2002.

3. CONDEMARÍN, Mabel e MEDINA, Alejandra. A avaliação autêntica: um meio para melhorar as competências em linguagem e comunicação. Tradução de Fátima Murad. Porto Alegre? Artmed, 2005

4. CONDEMARÍN, Mabel, BLOMQUIST, Marlys. Dislexia: manual de leitura corretiva. Tradução de Ana Maria Netto Machado. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.

5. TACKHOUSE, Joy. (orgs.) Dislexia, fala e linguagem: um manual do profissional. Tradução de Magda França Lopes.Porto Alegre: Artmed, 2004. pp.183-202.

6. FULGENCIO, Lúcia, LIBERATO, Yara Goulart. Como facilitar a leitura. São Paulo: Contexto, 1992. (Coleção repensando a língua portuguesa)

7. GALLEGO, Maria Soledad Carrillo, SERRANO, Javier Marin. Desarrollo metafonológico e adquisición de la lectura: un estudio de entrenamiento. Madrid: CIDE, 1996. (colección investigación, n.122)

8. GARCIA, Jesus Nicacio. Manual de dificuldades de aprendizagem: linguagem, leitura, escrita e matemática. Tradução de Jussara Haubert Rodrigues. Porto Alegre: Artes Médicas, 26. LECOURS, André Roch, PARENTE, Maria Alice de Mattos Pimenta. Dislexia: implicações do sistema de escrita do português. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

9. MARTINS, Vicente. A dislexia em sala de aula. In: PINTO, Maria Alice (org.). Psicopedagogia: diversas faces, múltiplos olhares. São Paulo: Olho d’Água, 2003.

10. MORAIS, José. A arte de ler. São Paulo: Unesp, 1996. 10. PÉREZ, Francisco Carvajal, García, Joaquín Ramos (orgs). Ensinar ou aprender a ler e a escrever? Aspectos teóricos do processo de construção significativa, funcionamento e compartilhada do código escrito. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001.

11. SNOWLING, Margaret e STACKHOUSE, Joy. (orgs.) Dislexia, fala e linguagem: um manual do profissional. Tradução de Magda França Lopes.Porto Alegre: Artmed, 2004.


O professor Vicente Martins, palestrante, mestre em educação pela Universidade Federal do Ceará(UFC), graduado e pós-graduado em Letras pela Universidade Estadual do Ceará(UECE). Há 14 anos, é professor do Curso de Letras (graduação e pós-graduação) e de Psicopedagogia (pós-Graduação) da Universidade Estadual Vale do Acaraú(UVA, em Sobral, Estado do Ceará, Brasil). Dedica-se, entusiasticamente, ao estudo e pesquisa sobre as dificuldades de aprendizagem em leitura (dislexia), escrita(disgrafia) e ortografia(disortografia). E-mail: vicente.martins@uol.com.br

segunda-feira, 28 de maio de 2007

COMO AS CRIANÇ ADQUIREM AS CONSOANTE FRICATIVAS

COMO AS CRIANÇAS ADQUIREM AS CONSOANTES FRICATIVAS

José Maria V. Maranhão e colaboradores

Este artigo tem por objetivo primordial equiparar pontos concernentes a língua falada, do ponto de vista do ensino tradicional da língua portuguesa e do ponto de vista fonético. Tem-se, especificamente, a intenção de analisar e estudar o uso, definição e classificação das consoantes fricativas, no sentido de ajudar educadores interessados em contextualizar a matéria de língua portuguesa, tendo como subsídio principal, os conhecimentos lingüísticos aqui descritos de maneira clara e eficiente, além de refletir sobre a maneira como as crianças adquirem, no meio familiar, as consoantes fricativas e como, na condição de educandos, poderiam entender um pouco mais sobre as consoantes fricativas e, assim, entender um pouco mais a própria língua.
Na atualidade, mesmo com a grande quantidade de informações lançadas para a sociedade, o professor ainda se consolida como figura indispensável no processo de aprendizagem. Em se tratando de temas como consoantes fricativas, é de fundamental importância que o professor possa compreender esse assunto, trazê-lo para a realidade dos alunos e fazer todas as separações necessárias para o bom atendimento dos mesmos. É bastante pertinente salientar também como os alunos, principalmente, das escolas afastadas da zona urbana, interagem com a escrita e a pronuncia das palavras, e quão grande é a dificuldade delas quando têm que se adequar às normas gramaticais. Nesta visão metodológica, vale lembrar dos conceitos de fonética, fonologia, além de reconhecer as consoantes fricativas, como elas são pronunciadas, onde algumas pronúncias variam e ressaltar a grande diversidade dialetal existente.
Sabemos que, mesmo com a grande quantidade de informações que bombardeia a sociedade diariamente, somos incapazes de manter em nosso discurso corriqueiro o mesmo padrão culto que exige a Gramática Normativa da Língua Portuguesa, por isso, fazemos adequações do nosso falar constantemente. Cada situação com a qual nos deparamos exige uma postura diferente, devemos nos comportarmos de maneira diferente e vestirmos roupas diversas, tanto quanto são diversas as ocasiões para usá-las. Com o falar acontece da mesma forma, em todos os momentos formais devemos manter um controle epilinguístico, principalmente na sala de aula.
O professor é peça fundamental do processo de ensino-aprendizagem, sobretudo pelo fato de ser ele um formador de opiniões. E se é um formador de opiniões, o é através de seu discurso, que é sua principal ferramenta de trabalho e numa visão mais ampla e politizado é um fator de redenção da sociedade. Em todas as ocasiões possíveis, é papel do professor transferir informações necessárias ao bom rendimento intelectual dos alunos, além de ser imprescindível uma concreta, eficaz e bem elaborada contextualização dos conteúdos. Contudo, devemos buscar em nossa comunidade características sócio-culturais marcantes que representem nosso jeito de viver. Para isso, nada mais importante do que o falar, que é a identidade maior de um povo.

No ensino de alguns “pontos” gramaticais, o discurso informal é uma arma metodológica bastante interessante, principalmente, em se tratando de alunos residentes em zonas rurais, de municípios pequenos e pobres, onde apresentam em sua linguagem natural, fortes traços regionais, crivados por palavras arcaicas e profundas variações dialetais. Aprender a norma culta, para eles, é um pouco mais complicado do que para aqueles que estão mais próximos dos centros urbanos ou dos multimeios de comunicação, pois têm um contato menor com esse tipo de fala.
“A partir da nova concepção da língua como DIASSITEMA, tornou-se possível o esclarecimento de numerosos casos de poliformismo, de pluralidade de normas e de toda inter-relação dos fatores geográficos, históricos, sociais e psicológicos, que atuam no complexo operar de uma língua e orientam à sua deriva. Condicionada de forma consciente dentro de cada grupo social e parte integrante de competência lingüística dos seus membros, a variação é, pois, inerente ao sistema da língua e ocorre em todos os níveis: fonético, fonológico, morfológico, sintático e etc. E usa multiplicidade de realizações no sistema em nada prejudica as suas condições funcionais”. (CUNHA, Celso & CINTRA, p.3).
Tendo por base Celso Cunha e Cintra, é possível que se ensine elementos construtivistas da gramática a partir da comparação com o discurso informal, isso por que todas as faces da língua estão inter-relacionadas.

Com relação ao estudo da Fonética, que pode ser entendida como a partir da lingüística geral que estuda e se interessa pelos sons da fala enquanto realidade física, além dos mecanismos de produção e recepção dos mesmos pelo organismo humano. Aproximando-se, por tanto, das ciências físicas e biológicas; e da Fonologia, que estuda os sons da fala do ponto de vista das funções que eles possuem dentro de um sistema lingüístico particular. (Soares, Mara, 1992. p.5). Podemos, então, perceber claramente que ao estudarmos os sons da fala temos que inicialmente dissociar as letras dos sons, por isso, às vezes, faz-se necessário a análise de um discurso, para que se possa entender todos os mecanismos que ocorrem involuntariamente durante o ato da fala.

A fonologia tem por tarefa determinar, entre os sons que ocorrem numa língua, quais são os fonemas (servem para distinguir palavras com significados diferentes, como por exemplo [p] e [b] em português pala e bala) e quais os que são alofones, ou variantes dos fonemas, como os sons diferentes da letra t em tia e tato, no português carioca. A fonologia atua num plano mais abstrato que a fonética, pois dois ou mais sons diferentes podem ser variantes do mesmo fonema, ou seja, um único fonema pode aparecer sob a forma de vários sons diferentes.

É bastante proveitoso, pedagogicamente, no momento que o professor, ao falar sobre o assunto, ilustra com palavras populares ou com a fala dos alunos a sua explicação, assim, diminuirá o grau de abstração do tema abordado.

As consoantes fricativas são formadas pelas letras que, ao serem pronunciadas, os articuladores se aproximam produzindo uma fricção. E a corrente de ar passa pela central, ou seja, passa bem no meio da boca. A obstrução que ocorre não é total e sim parcial.

Segundo Silva (2002, p.23) “As consoantes fricativas que ocorrem em português são: fé, vá, sopa, zapata, chá, já, rata que, em alguns dialetos, o som de R de “rata” pode ocorrer com um vibrante”.

As fricativas são classificadas segundo seu ponto de articulação e o lugar, como diz Silva (2002. p.37) “/f/ e /v/, são labiodentais, /s/ e /z/, dental ou alveolar, /s/, /z/ são alveolopalatais, /x/,/y/ são velares e /h/ e // são glotais”. Essas consoantes podem ter os sons uniformes em todos os dialetos do português brasileiro ou não. Como mostra Silva.
“Pata, bola, copa, gata, faca, vaca, são uniformes em todos os dialetos brasileiros. Tapa, data, ocorre em todos os dialetos brasileiros podendo ser alveolar ou dental. Sala, caça, paz, zapata, casa, uniforme em início de sílabas em todos os dialetos do português brasileiro, podendo ocorrer com articulação alveolar ou dental. Marca variação dialetal em fim de sílaba: paz, pasta, rasga, rata, marra, mar, carta. Pronúncia típica do dialeto carioca, ocorre fricção audível na região velar. Na pronúncia típica de Belo Horizonte não ocorre fricção no trato vocal. Ambas as pronúncias numéricas, ocorrem em início de sílabas que sejam precedidas pelo silêncio e, portanto, encontram-se em início de palavras como rata” (SILVA, 2002. p. 37 e 38).

Essas citações demonstraram que, em algumas pronúncias, existem uniformidade em todos os dialetos do português brasileiro, mas em outros isto não ocorre, mesmo em se tratando de letras iguais. A pronúncia pode ser diferente de acordo com o dialeto do individuo já que, o que está definindo esta diferença são os sons e não a representação gráfica, ou seja, as letras. A mudança de som é provocada, entre outros fatores, pela mudança do ponto de articulação que ocorre em algumas pronúncias.

Na maioria dos livros didáticos os exemplos sobre questões relacionadas com fonética e, mais especificamente, que trata sobre as consoantes fricativas, são de certo modo insuficientes. Para que se possa haver um estudo mais proveitoso, é preciso reconhecer as dificuldades, identidades culturais, e, a partir daí, entender como se fala, como se utiliza cada consoante fricativa, entre outros assuntos.

As fricativas ou construtivas, constituem a série mais numerosa de consoantes. Praticamente em qualquer parte da cavidade bucal pode haver estreitamento com produção de som fricativo. Começando do exterior para o interior temos em português:

[B] Caber, Baleio
[F] Faca, Fofo
[V] Cava, Vaca
[D] Fada, Cidade
[S] Sair, Raça
[Z] Zebra, Asa
[] Chá, Mexe
[J] Já, Gente
[X] Errado
[G] Carga, Barba
[H] Rio, Mar
[] Arma, Amarrado
[X] Rapaz, Carro
[Y] Corda, Arde


Outras fricativas não existem no português normal, são: [Ø] contra parte surda do [], [], chamada de “fricativa dental plana”, porque a língua apresenta a superfície plana, vista de frente. Ao contrário de [s, z, , ], em que a língua apresenta uma concavidade no centro, como uma canaleta, sendo por isso denominadas fricativas côncavas. O som [] e sua contra parte sonora [] são ás vezes chamadas interdentais, pois podem ser articulados com a língua entre os dentes incisivos superiores e inferiores. Mas, se a língua permanecer plana e atrás dos dentes incisivos superiores, o efeito acústico será praticamente o mesmo. O som [] pode ocorrer, como característica individual, como realização fonética do fonema [] em português: é o que se denomina ceceado . No inglês ocorrem tanto [] como [], ambos representados na grafia oficial pelo dígrafo th: [] the, that, those, them (o, aquele, aqueles, lhes); [] thing, think, earth, trough (coisa, penso, terra, através).

Pensando de uma forma mais metodológica voltada para o ensino de crianças, devemos destacar a diferença entre as letras e os seus respectivos sons, as diversas formas de se pronunciar uma mesma letra e as variações ou alofones, sem esquecer contudo das regras da gramática normativa.

Muitas vezes as crianças são levadas a acreditar que as letras são responsáveis e cumprem sua função de representar graficamente os sons da fala, por isso, desde os primeiros anos de colégio a criança vai trabalhando com fonemas, sem no entanto saber que o faz. Levando em consideração a relevância deste fato devemos além de dissociar a fala da escrita, trabalhar gradativamente noções gramaticais, principalmente da escrita.
CONCLUSÃO
Por tanto, estudar e lecionar sobre assuntos complexos como fonética ou consoantes fricativas, exigem um alto grau de abstração e contextualização, que se for trabalhado cedo facilitará bastante a aprendizagem ou abordagem futuras.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SILVA, Thais Cristófaro. Fonética e fonologia do português: roteiro de estudo e guia de exercícios. São Paulo: Contexto, 2002.
SOARES, Maria Aparecida Botelho Pereira. Iniciação à fonética. Sub-reitoria de ensino de graduação e corpo discente – Rio de Janeiro. 1992.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Faz e Terra, 2002.
PERINE, Mário A. Sofrendo a Gramática: Ensaios sobre a linguagem. Rio de Janeiro. Ática, 1997.
CUNHA Celso & CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

José Maria V. Maranhão. Mayumi P. Lopes, Rita Helena A. P. Fontenele e Veruska M. Sousa fazem parte do Grupo de Estudos Lingüísticos e Sociais (GELSO), coordenado pelo professor Vicente Martins, da Universidade Estadual Vale do Acaraú(UVA), em Sobral, Ceará.

COMO AS CRIANÇAS APRENDEM FALAR SUA LÍNGUA MATERNA

Márcia Rejane Alves Rodrigues
Maria Neuma Freire Araújo


Este artigo vem ilustrar de forma sintética os principais pressupostos da teoria do comportamento, mais conhecida como Behaviorismo1, tese embasada na corrente filosófica empírica, onde trata do conhecimento humano, incluindo a Aquisição da Linguagem, como sendo conseguido através das experiências vividas por cada indivíduo.

Como ocorre a aquisição da Linguagem? Que processos acontecem na mente de um indivíduo, quando este está aprendendo a falar determinada língua? O que está por trás desse processo de aquisição? O que influencia, favorece e/ou desfavorece essa aquisição?
Essas perguntas tem sido alvo de muitos estudos, desde muito cedo até hoje. E, como resposta dessas perguntas tem-se um acervo de teorias. Todas vêm contribuindo para novas descobertas, de uma maneira ou de outra, pois, a partir de suas postulações vem se especular mais, e pode ser que se esteja chegando cada vez mais próximo de responder com firmeza o que está em questão.
Uma das teses que se tem sobre a aquisição e o desenvolvimento da linguagem é a tese Behaviorista. E esta teoria, assim como todas as correntes teóricas “aquisicionistas” fazem ou fizeram suas especulações voltadas para fatos lingüísticos infantis.
O Behaviorismo é baseado numa proposta empirista cuja

...não considerava a mente como um componente fundamental para justificar o processo de aquisição. Para ela, importava o fato de o conhecimento humano ser derivado da experiência e de a única capacidade inata que ele possuía ser aquela de formar associações entre estímulos ou entre estímulos e respostas (E-R). (DEL RÉ et al., 2006).

Ou seja, o empirismo é uma corrente filosófica que afirma que todo e qualquer conhecimento deriva das experiências vividas por cada indivíduo.
Burruhs F. Skinner, psicólogo americano, um dos mais importantes behavioristas, acredita ter encontrado a explicação para o processo de aquisição do conhecimento humano de um modo geral, incluindo, certamente, o processo de aquisição da linguagem. “Skinner propunha ser capaz de predizer e controlar o comportamento verbal mediante variáveis que controlam o comportamento”2: estímulo-resposta, imitação e reforço. Sendo indutivo, o processo de aquisição do conhecimento.
Essa proposta afirma que um estímulo provoca uma resposta externa. Se esta resposta for reforçada positivamente, espera-se que esse comportamento se repita várias vezes. Já no caso da resposta ser reforçada negativamente, este comportamento tenderá a ser eliminado. E, no caso de não haver esforço algum, o comportamento também propende a não se repetir mais.
Hipoteticamente, uma criança deitada e acordada, ouve a voz de sua mãe (estímulo) e começa a chorar (resposta). Sua mãe vem e a coloca nos braços (reforço positivo). Essa ação da mãe faz com que a criança aprenda que, quando ela quiser ir para sua mãe, ela deverá chorar.
Para se aprender a falar o processo é o mesmo. Por exemplo, uma criança vê uma outra, mais velha, comendo chocolate (estímulo), e diz “dá” (resposta); se a criança mais velha lhe der um pedaço do chocolate, essa ação será, segundo Skinner, um reforço positivo, o que fará com que ela mantenha esse comportamento. Caso a criança mais velha não lhe ceda o chocolate (reforço negativo), ela não mais agirá dessa forma quando desejar algo semelhante.

O ambiente fornece os estímulos - neste caso, estímulos lingüísticos - e a criança fornece as respostas - tanto pela compreensão como pela produção lingüística. A criança, por esta teoria, durante o processo de aquisição lingüística, é recompensada ou reforçada na sua produção pelos adultos que a rodeiam (VICENTE MARTINS)3.

A imitação também é uma forma muito influente na aprendizagem da fala, já que as crianças aprendem muitas palavras através da imitação da fala de outras pessoas que falam próximo a ela. É muito comum ver crianças repetindo palavras que adultos ou crianças mais velhas próximas a elas falam.
Dessa forma, o Behaviorismo postula que o aprendizado da língua é semelhante ao de qualquer outro aprendizado, sendo adquirido através de reforços e privações.
A visão que os behavioristas tinham sobre a aquisição da linguagem assumia a afirmativa que as crianças nascem com comportamento inato preexistente, mas de forma bem reduzido. Por exemplo, acreditavam que as crianças possuíam, inativamente, algumas habilidades que seriam gerais.

Primeiramente, ela seria capaz de vocalizar. Depois, seria capaz de processar a vocalização de outros e presumivelmente, reconhecer similaridades entre essas e suas próprias vocalizações. Em terceiro lugar, teria a capacidade de relacionar a vocalização 'mamãe' com o contexto da mãe. Chamemos a isso a capacidade de formar associações. Além disso, a criança nasceria com impulsos básicos que a motivariam a formar associações. Por exemplo, um desses impulsos seria a necessidade de alimentação. As associações reais que se formariam, tais como entre a palavra ‘mamãe’, são resultados dessa experiência. (INGRAM, 1989).4

Apesar da explicação que o Behaviorismo oferece para entendermos a Aquisição da linguagem, encontra-se fatos que esta teoria não explica. Um deles é o evento de se conseguir produzir frases nunca ouvidas antes, como também compreendê-la; outro, é a rapidez do processo, pois uma criança de quatro anos, por exemplo, já utiliza um conjunto grandioso de regras da língua-mãe; um outro ponto seria o caso que ocorre com praticamente todas as crianças que estão aprendendo a falar que é o de dizer palavras que elas nunca ouviram antes mas, percebendo-se que nestas palavras a criança utiliza a forma regular em verbos irregulares, quando dizem, por exemplo, as palavras sabo, fazeu. Todos os casos citados negam, de certa forma, as postulações do Behaviorismo, fazendo crer que as crianças analisam a língua que falam e a partir daí produzem novas palavras.
Enquanto não se descobre qual a teoria certeira para explicar o processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem de forma completa, uma certeza já há: a tese behaviorista trouxe grandes descobertas para os estudos da Aquisição da Linguagem contribuindo consideravelmente para os estudos envoltos a questão de como o ser humano adquire a língua que fala e como esse processo se desenvolve, portanto, deve ser valorizada e tida como grande tributária na caminhada de descoberta dessa grande “capacidade” do ser humano.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AUGUSTO, M. R. A. (jul./dez. 1995) Teoria gerativa e aquisição da linguagem. Feira de Santana. p. 115-120.

MARTINS, V. A teoria behaviorista da aquisição da linguagem. http://www.profala.com/arteducesp71.htm. Acesso em: 22/01/2007.

RÉ, A. D. et al. (2006). Aquisição da Linguagem uma abordagem psicolingüística. Editora contexto. São Paulo.




Márcia Rejane Alves Rodrigues e Maria Neuma Freire Araújo fazem parte do Grupo de Estudos Lingüísticos e Sociais (GELSO), coordenado pelo professor Vicente Martins, da Universidade Estadual Vale do Acaraú(UVA), em Sobral, Ceará.

VOCÊ LÊ UM PALAVRÃO DE 46 LETRAS

VOCÊ LÊ UM PALAVRÃO DE 46 LETRAS?

Vicente Martins
Objetivamos, com este texto, apontar a consciência fonológica como importante capacidade lingüística, a ser desenvolvida pelo leitor hábil, no reconhecimento de palavras não-familiares, como em pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico, a maior palavra da língua portuguesa.
1. O significado das palavras
Observe estas duas palavras:
mneupotruramiscolcopicosislicoculvanonociócito
pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico
Agora, responda, se puder, as perguntas abaixo para avaliar sua consciência fonológica :
1) qual das duas palavras acima você pronuncia mais rapidamente?
2) qual delas você daria alguma noção ou aproximação de significado?
Se disser que encontrou dificuldade de pronunciar as duas palavras , você tem, realmente, razão. Ambas, é verdade, possuem 46 letras. Se encontrou dificuldade de encontrar algum grau de significação no item a, também tem razão: a palavra mneupotruramiscolcopicosislicoculvanonociócito não é palavra, não tem significado nenhum na língua portuguesa.
Em todo caso, como podemos analisar são duas palavras esdrúxulas, esquisitas, extravagantes, mas apenas uma delas, isto, pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico , opção b, realmente, é palavra e está registrada no novo dicionário houaiss da língua portuguesa, tendo por definição “estado de quem é acometido de uma doença rara provocada pela aspiração de cinzas vulcânicas “.
A outra palavra, isto é, mneupotruramiscolcopicosislicoculvanonociócito, a rigor, do ponto lingüístico, é uma palavra ad doc (nonce word), não significa nada, foi inventada por mim, no processo de elaboração deste texto, de tal modo que é uma palavra fictícia, ou tem forma ou aparência de palavra, que se assemelha, em configuração grafêmica ou fonêmica, a palavras da língua portuguesa.
Para a lingüística tradicional, palavra é um elemento lingüístico significativo, composto de um ou mais fonemas. No caso da palavra Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico, ainda que chegue a Ter 46 letras. ela é uma unidade lingüística cujo significado está na cultura vigente, na compreensão oral, na fala e na escrita.
Pois bem. Para nós, investigadores dos processos de lectoescrita, psicopedagogos, fonoaudiólogos, neurologistas, psicolingüistas ou psicólogos cognitivos, pais, professores, enfim, podemos, a partir do caso acima, ilustrar como podemos descobrir indício de uma dificuldade de leitura ou dislexia.
Não obstante, você pode indagar: qual das palavras acima citadas, poderia ser a “ isca”, importante indício, no diagnóstico e processo de avaliação leitora?” Por incrível que pareça, para um diagnóstico preliminar ou básico, em sala de sala, feito por um educador, sem que o aluno precise ir a uma clínica psicopedagógica ou fonoaudiológica, a palavra que, surpreendentemente, nos é útil, e, portanto, serve-nos como parâmetro para diagnóstico, é mneupotruramiscolcopicosislicoculvanonociócito, a falsa palavra.
Uma criança ou um adulto pode ser considerado uma leitor hábil, competente na decodificação e compreensão leitoras, no processo de aquisição da linguagem, quando é capaz não apenas de ler palavras não-familiares como em pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico, que já é registrada no dicionário brasileiro, mas é capaz de ler, também, palavras fictícias, criadas pelos examinadores, professores, pais ou reeducadores lingüistas clínicos, terapeutas da linguagem, fonoaudiólogos, quando submetido a um processo avaliativo de sua competência leitora.
Para Andrew W. Ellis, em seu livro Leitura, escrita e dislexia: uma analise cognitiva, a familiaridade é um fator que determina, influencia e afeta a facilidade ou dificuldade do reconhecimento de palavras na leitura hábil, isto é, a leitura em voz alta. (Artes Médicas, p.20)
2. O valor da consciência fonológica
A palavra pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico é esdrúxula, esquisita, excêntrica ou, numa expressão, é uma palavra não-familiar. Sem embargo, é uma palavra. Uma pessoa que tem consciência fonológica, ou seja, capaz de reconhecer as letras e discriminar os fonemas, será capaz de gerar o que chamo de lectogenia (o neologismo é meu), uma decodificação, manifesta na pronúncia corrente ou escorreita da palavra, seguida da compreensão, ou seja, da assimilação do significado que o signo encerra na sua forma lingüística.
Uma das tarefas dos psicopedagogos, fonoaudiólogos, psicólogos, ou psicolingüistas, na avaliação da compreensão leitora, é comparar o reconhecimento de palavras familiares com o reconhecimento de palavras não-familiares.
Para uma criança, na educação infantil ou alfabetização ou ainda no primeiro ciclo do ensino fundamental, situando-se na etapa que os investigadores chamam de leitura inicial, pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico é uma palavra não-familiar, esquisita, um palavrão; mas para um adulto, ou leitor competente, curioso, pode ser uma palavra familiar, isto é, uma palavra em que o bom leitor é capaz de decompor em seus morfemas (radicais, sufixos, por exemplo) e fonemas (vogais, consoantes ).
Quando o leitor principiante aprende que
pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico traz, na sua estrutura lingüística, formas que estão presentes no mundo vocabular, o seu ou o revelado pela cultura do meio em que vive, encontrará níveis de contigüidade semântica da palavra não-familiar com outras palavras familiares como no caso pneumonia, ultramar , microscópio, vulcão, cone, ouvido, sulfúrico, de modo a fazer, também, a identificação rápida e fácil da forma, da pronúncia e do significado apropriado, viável, de uma palavra encontrada no texto escrito ou ouvido na mídia.
A aprendizagem da palavra
pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico ou de qualquer outra palavra esdrúxula ou não-familiar ou mesmo uma não-palavra requer da criança, durante o processo de leitura, pelo menos, três “representações internas” : a) aparência, b) significado e c) som, presentes na estrutura da palavra e a ligação dessas representações umas às outras. A aparência lingüística leva o leitor hábil ao reconhecimento da palavra. O significado e o som de uma palavra, por seu turno, são revelados pela consciência fonológica, alcançada no processo de aquisição da habilidade lectoescritora na escola.
3. O reconhecimento das palavras
Por fim, uma pergunta pode agora advir: quando a palavra pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico tornar-se-á familiar para a comunidade brasileira ou lusófona? Responderei assim: uma palavra torna-se familiar para os educandos e para os já escolarizados, quando ela , a palavra, realmente, é percebida, isto é, a comunidade lingüística é capaz de fazer a identificação visual ou auditiva da palavra e pode lhe atribuir algum grau de significado.
Para as crianças que vêem e lêem palavras ou não-palavras, no mundo da leitura, fora ou dentro da escola, tendem, quase sempre, a ter facilidade de identificar as formas lingüísticas que são verdadeiramente palavras, isto é, signos lingüísticos, dotados de significado (conceito, idéia) e significante (estrutura fônica).
Quando estão diante de palavras fictícias ou pseudopalavras, não apenas encontram dificuldade de pronunciá-las mas de reconhecer sua estrutura lingüística, uma vez que as não-palavras são dotadas apenas de significantes da língua, mas que nada representam no mundo da leitura ou na fala das pessoas.
Por excelência, os fonemas são os significantes mais discretos de uma língua, as menores unidades sonoras distintivas da palavra, todavia, isoladas, são unidades abstratas, nada significam. Os morfemas, ao contrário, unidades significativas, como os radicais e sufixos que formam a palavra pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico, são elementos que ajudam na compreensão da mesma, ainda que a palavra tenha um processo de formação derivacional tão complexo ou ainda que tenha, na sua aparência ou representação grafêmica, 46 letras, sendo, definitivamente, a maior da língua portuguesa.
Pode-se, então, nessas alturas, fazer as seguintes indagações:
a) se uma criança ou adulto, após exercício de soletração, pode pronunciar, em voz alta, a palavra pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico por que não encontraria a mesma “ facilidade” na falsa palavra mneupotruramiscolcopicosislicoculvanonociócito?
b) Como poderíamos justificar tal comportamento lingüístico?
c) A palavra escrita pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico é uma combinação não familiar de letras?
d) A pseudopalavra “mneupotruramiscolcopicosislicoculvanonociócito" é uma combinação não familiar de fonemas e, por isso mesmo, mais difícil de pronunciar?
São muitas as perguntas, longas e complexas, mas todas têm uma resposta curta e simples. É a velocidade de leitura de pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico, palavra que tem a mesmas letras e praticamente os mesmos fonemas da falsa palavra , que indica sua familiaridade na pronúncia corrente a partir de sua forma escrita. Depois de alguns minutos alguém pode, com certa dose de brincadeira ou ludicidade, guardar, em sua memória de longo prazo, a palavra pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico, como uma nova e esdrúxula palavra no seu universo semântico ou vocabulário individual. Não encontraremos a mesma destreza lingüística para as palavras falsas.
4. Uma luz importante
Em substância, diria o seguinte: quem adquire consciência fonológica no decorrer da aquisição de linguagem pode não apenas ler palavras esdrúxulas, familiares ou “não-palavras, como mneupotruramiscolcopicosislicoculvanonociócito, que nada diz, que nada revela, nem na sua forma nem sua configuração lingüística. O leitor hábil decodifica e compreende palavras que têm significado e desconfia de palavras que, mesmo podendo ser decodificadas, não têm significado nenhum no seu mundo cultural.
Uma criança com dislexia fonológica, com deficiência na sua consciência fonológica, por exemplo, pode lentamente pronunciar pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico, e no decorrer do tempo, ganhar destreza na decodificação, mas sua pronúncia será sofrível quando tentar pronunciar mneupotruramiscolcopicosislicoculvanonociócito. Surpreendente e inesperadamente não fará, à guisa dos leitores hábeis, o reconhecimento instantâneo da falsa palavra. Falta aos disléxicos fonológicos um background de conhecimentos fonológicos da língua materna além de habilidades lingüísticas orais presentes na habilidade leitora.
A aprendizagem da leitura, tendo, por base, o método fônico, levará à aprendizagem da pronúncia de palavra pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico ou anticonstitucionalissimamente, de modo que deixa de ser estranha e sem sentido quando realmente lida(decodificada e compreendida) e torna-se algo que parece familiar, dela se extraindo um significado e levando o emissor ou receptor a uma emissão viável ou a recepção produtiva.
Esta reflexão metalingüística, a partir da maior palavra da língua brasileira, é uma verdadeira epifania para os que atuam na Psicopedagogia e Psicolingüística e um achado excêntrico, mas luz importante, para os estudiosos dos processos de aquisição de leitura e escrita da comunidade lusófona.
5- Bibliografia básica consultada
1. ALLIENDE, Felipe, CONDEMARÍN, Mabel. (1987). Leitura: teoria, avaliação e desenvolvimento. Tradução de José Cláudio de Almeida Abreu. Porto Alegre: Artes Médicas.
2. DUBOIS, Jean et ali. (1993). Dicionário de lingüística. Direção e coordenação geral da tradução de Izidoro Blinstein. SP: Cultrix.
3. ELLIS, Andrew W. (1995).Leitura, escrita e dislexia: uma analise cognitiva. 2ª edição. Tradução de Dayse Batista. Porto Alegre: Artes Médicas.
4. HARRIS, Theodore L, HODGES, Richard. (1999). Dicionário de alfabetização: vocabulário de leitura e escrita. Tradução de Beatriz Viégas-Faria. Porto Alegre: Artes Médicas
5. MONTEIRO, José Lemos. (2002). Morfologia portuguesa. Campinas: Pontes.
6. RODRIGUES, Norberto. (1999). Neurolingüística dos distúrbios da fala.. São Paulo: Cortez: EDUC (Fala viva; v.1)
7. YAVAS, Mehmet, HERNANDOREMA, Carmen L. Matzenauer. LAMPRECHT, Regina Ritter. (1991). Avaliação fonológica da criação: reeducação e terapia. Porto Alegre: Artes Médicas.

COMO AJUDAR CRIANÇAS QUE TROCAM GÊ POR CHÊ

COMO AJUDAR CRIANÇAS QUE TROCAM GÊ POR CHÊ

Vicente Martins

Uma professora do ensino fundamental me relata, por e-mail, o seguinte caso: “Tenho uma aluna que está na 3ª série e além de ter algumas dificuldades na leitura e na escrita, também apresenta um déficit fonológico”.
E prossegue a professora na descrição das dificuldades de sua aluna: “Ela não consegue emitir o som da letra g, troca pelo che. E também troca o d pelo t”. E conclui: “Gostaria de saber se você poderia me orientar sobre o que fazer para ajudá-la. A mãe já consultou fonoaudiólogos e parece que nada adiantou. Desculpe por incomodá-lo, mas gostei da maneira como abordou o problema no seu artigo "O papel dos pais na formação leitora dos filhos" e espero poder contar com sua orientação”.
O presente artigo se propõe a comentar a indagação da professora e propor uma reflexão lingüística e metalingüística sobre a aquisição das consoantes no primeiro ciclo do ensino fundamental.
Com relação ao sistema alfabético, existem duas dificuldades básicas para alunos que estão no primeiro ciclo do ensino fundamental (1ª a 4ª série, incluindo, agora, também, o ano inicial aos seis anos de idade). A primeira é quanto ao traçado das letras, sobretudo as letras minúsculas, que exigem informações de rotação, sentido e direção das letras durante o traçado das mesmas. Na verdade, o que está em jogo é a memória de curto prazo das crianças de guardar tantas informações espaciais e geométricas das letras. O traçado das letras e de todos os demais grafemas (diacríticos como o til, circunflexo, agudo etc), não poucas vezes, exige conhecimentos rudimentares das formas geométricas.
Aos três anos, por exemplo, uma criança deve copiar o desenho de um círculo; aos quatro anos, copiar uma cruz; aos cinco, um quadrado e aos seis anos, um triângulo e assim por diante. Quando sentem dificuldades para copiar estas formas geométricas, podemos, com uma certa segurança, afirmar que terão dificuldades também de desenhar as letras do alfabeto. Estas formas básicas têm os mesmos movimentos e rotações das letras do nosso alfabeto.
Partindo desta relação entre caligrafia e geometria, particularmente, as figuras geométricas, o professor poderá conceber o ensino das letras do alfabeto dentro de uma perspectiva interdisciplinar. Um círculo, na matemática, definido como uma superfície plana limitada por uma linha curva - a circunferência - cujos pontos são eqüidistantes de um ponto fixo - o centro, favorece o traçado das seguintes letras minúsculas: a b c d e g o p q u h m n s. E as maiúsculas: B C G O P Q U D S.
A cópia do desenho da cruz contribui sobremodo para o traçado das seguintes letras minúsculas do nosso alfabeto: v x z t. E também as maiúsculas: T X Z

´ A cópia do desenho do losango, quadrilátero plano cujos lados são iguais, a ser exigido, a partir dos cinco anos de idade, favorece as seguintes letras minúsculas: v x z. E as maiúsculas são: V X Z N N H I J L .
A cópia do desenho do quadrado, forma que tem os lados e os ângulos iguais, permite que o aluno possa traçar as seguintes letras minúsculas: t f z i j l r. E maiúsculas: A E F H I L M N P R.
A cópia do desenho do triângulo, um polígono de três lados, também chamado trilátero, dá uma idéia para o aluno como é o traçar, na forma minúsculas, das seguintes letras: v x z. E as maiúsculas: A V X Z
Uma outra dificuldade, quanto ao sistema alfabético, reside na consciência fonêmica da criança durante sua fase de aquisição da leitura e da escrita ortográfica. Há uma relação estreita entre as letras do alfabeto, que aparecem na escrita, e os sons da fala, a que chamamos fonemas, isto é, as vogais, as consoantes e as semivogais. Não é uma relação perfeita, biunívoca, mas equívoca. Como se fala não é como se escreve. Não é como um espelho. Um som que se escuta não é diretamente escrito da forma que nos chega à intuição ou percepção auditiva.
No caso relatado pela professora, refere-se a uma dificuldade da criança de não conseguir emitir o som da letra g, que o troca por chê. Da mesma forma troca o som do d pelo t.
O que se observa, pois, claramente, é que a dificuldade da criança reside na articulação das consoantes. De logo, observamos que são consoantes homorgânicas. O que é isso? Foneticamente, são sons que têm o mesmo ponto de articulação, embora se diferenciem por outros traços (diz-se de dois ou mais sons); p.ex.: [b], [p] e [m], que são pronunciados com a mesma oclusão labial. Ou ainda, são fonemas que têm pontos de articulações distintos, como /p/ (consoante labial) e /t/ (consoante linguodental.
Para atuar bem nesses casos, o professor precisa conhecer, teoricamente, alguns conceitos lingüísticos (nas definições e exemplos abaixo, recorreremos ao dicionário eletrônico de Houaiss). O primeiro conceito é o de consoante. O que é consoante? Foneticamente e do ponto de vista articulatório, diz-se de ou som em que a corrente de ar encontra, na cavidade bucal, algum tipo de empecilho, seja total (oclusão), seja parcial (estreitamento). Portanto, as consoantes são fonemas de difícil articulação ou produção da fala. Decanta-las, pois, um decifrar, um mistério para muitos alunos.
Pelo conceito de consoante, o fonema consonantal, como disse, é, particularmente, difícil de ser articulado, isoladamente. Quando em sílaba ou expresso em palavra, essa dificuldade é ainda maior. Por isso, podemos entender por consoante, foneticamente, um tipo de som que funciona nas margens das sílabas, ou seja, som assilábico, não constituindo o núcleo da sílaba, nem podendo formar sozinho uma sílaba.
Voltemos à observação da professora. A criança, segundo ela, troca /g/ por /ch/ e /d/ por /t/. Observemos que coloquei as consoantes entre barras para mostrar que são sons da fala e não letras. Pois bem, as consoantes /gê/ (como aparece no início das palavras gente e jeito) e /chê/ (como em cheiro ou xadrez) são constritivas. Isso quer dizer que em cada uma delas, durante a articulação, a corrente aérea é expirada e parcialmente obstaculizada, mas não interceptada, em algum ponto do canal bucal. Esta classe de consoantes inclui as fricativas, as laterais e as vibrantes.
As consoantes constritivas na língua portuguesa são realmente difíceis de serem articuladas durante a fase de aquisição da linguagem. São consoantes constritivas:/f/, /v/, /s/, /z/, /š/, / chê /, / gê /, /lhê/,/r/ e / rr/. Em outra palavras, as constritivas são consoantes em que a corrente expiratória passa por uma abertura apertada, formada em algum ponto do canal bucal, gerando um ruído semelhante ao de uma fricção.
Podemos lembrar situações de uso das constritivas como nas palavras a seguir: as consoantes do português /f/ como na articulação da palavra fato; /v/ como em vate;/s/ como em seta, massa, cio, traço, próximo;/z/ como em zoada, mesa, exército;/ch/ como em xadrez, ancho;/j/ como em jeito, gesto. Essa dificuldade fonológica, decerto, é responsável, decerto, por parte dos erros ortográficos em que há bastante troca de letras que representam, na escrita, estas consoantes, como no caso das letras X, J, G ou grupos de letras como CH e SS, os chamados dígrafos. Em geral, chamamos as alterações ortográficas, quando manifestos nos textos escritos, como “erros de motivação fonológica”.
Nessas alturas, não há como negar a importância do estudo da Fonética para aqueles que pretendem eficazmente alfabetizar em leitura. A Fonética é a parte da lingüística que estuda e classifica os elementos mínimos da linguagem articulada (fones, sons da fala) em sua realização concreta. A fonética articulatória é o ramo da fonética que trata da descrição do aparelho vocal humano e dos seus movimentos durante a articulação dos sons, classificando-os basicamente em função da sonoridade (atividade das cordas vocais), do ponto de articulação (local onde ocorre maior estreitamento do conduto orofaríngeo) e do modo de articulação (maneira como se dá o escoamento do ar). Com a fonética, podemos melhor entender o nosso dialeto e as razões que levam a um falar diferente, mesmo que estejamos em mesmo país, como ocorre com nós, brasileiros.
No mundo da escola, caberá ao professor do ensino fundamental também se apoderar de conhecimentos da Fonologia. Por Fonologia, devemos entender o estudo dos sons da linguagem humana ou o ramo da lingüística que estuda os sistemas de fonemas de uma língua ou das línguas em geral. Ou, ainda, e mais precisamente, a parte da lingüística que estuda os fonemas do ponto de vista de sua função na língua. Não há como o professor ou professora orientar ou corrigir bem alterações ortográficas do seu aluno sem uma base fonológica. Sem esse conhecimento, o aluno, por sua vez, não dá aquele “estalo” ou “ insigt”, pronto para a leitura inicial.
Diante desse tipo de dificuldade fonológica ou déficit fonológico, acho que trabalha, metodologicamente, do particular para o geral, do letra para o som, ou seja, partir de estratégias indutivas, não só são procedimentos mais científicos e criteriosos, como, ao certo, os mais recomendáveis para o professor ou professora levar a criança à consciência fonológica durante a fase de leitura inicial, no ensino fundamental, ou mesmo durante a produção da fala espontânea, na primeira infância.
Então, comecemos a falar mais sobre o som da letra gê. O gê é a sétima letra e quinta consoante do nosso alfabeto. Foneticamente, a letra g representa a consoante oclusiva velar sonora, quando antecede as vogais a, o, u (galo, goma, gude), quando formando grupos consonantais (grito, gnose, glória) e quando seguida da vogal u muda ou não (guerra, água, ou a consoante fricativa palatoalveolar sonora, se diante das vogais e e i (gesso, giz). No caso da dificuldade da aluna descrita pela professora, envolve, pois, a consoante fricativa palatoalveolar sonora e a surda.
Partamos, agora, para o o chê. Em geral, representado pela letra x ou pelo dígrafo ch é a vigésima segunda letra ou décima sétima consoante do nosso alfabeto. Foneticamente, representa 1) a consoante fricativa côncava palatoalveolar surda, como em xadrez, mexe, enxame; 2) o grupo consonantal [ks], como em fixo, nexo; 3) a consoante fricativa dental sonora [z], em exame, exército No campo gramatical, o x não é pronunciado como [ks], mas como uma fricativa côncava dental [z] antes de vogal (exímio, exogamia); antes de consoante, será fricativa côncava surda, dental ou palatoalveolar, dependendo do dialeto (exportar, exclamar), do mesmo modo que o x do prefixo extra- (extraordinário); se seguido de c, o conjunto é pronunciado como [s]: exceto, excelente.
Mas não podemos parar aqui. Há muito o que se dizer do xis como representante das consoantes portuguesas, presente na fala e na leitura ou na escrita ortográfica, a que podemos chamá-lo de grafema. Pois bem. Como grafema, o emprego do x- (xis inicial), do -x- (xis medial) e do -x (xis final) é objeto de convenção ortográfica em que entram, a um tempo, a tradição gráfica, a busca de fundamentação etimológica e fatores fonológicos; de modo geral, o x pode representar/x/ (como em caixa, xará),/s/ (como em próximo, trouxe),/z/ (exato, exorcismo) e/cs/ (como em fixo, nexo).
Observemos os casos abaixo de mais emprego do xis:
1) o x- é, sem discrepância, sempre pronunciado como/x/, mas seu uso ortográfico busca ser fiel ao étimo (gr., lat. ou de outra qualquer língua com tradição gráfica), ademais da convenção de que, se indigenismos (de preferência brasílicos) ou se africanismos, ademais de línguas exóticas não grafadas com caracteres lat., deve tb. ser com x-;
2) o -x- é objeto de algumas regras implícitas (é o que representa/x/ depois de ditongo ai - caixa, faixa -, ei - feixe, deixa -, oi ou ou - troixa/trouxa [salvo trouxe]), ademais das quais é objeto de algumas sistematizações: a) na seqüência aux-, se de base gr., é/cs/ (auxese, auxésico, auxético, auximate), se de base lat., é/s/ (auxiliador, auxiliante, auxiliar, auxiliário, auxiliarmente, auxiliável, auxílio); b) na seqüência axa-, é/x/ (axá, axabeba, axaboucado, axadrezado, axadrezar), mas/cs/ no grecismo axanto; c) nas seqüências axe-, axi-, axo- e axu-, é/x/ nos voc. que não sejam gr., lat. ou greco-latinos (axe, axevina, axi, contra - com/cs/ - axe, axial, axiologia, axiológico, axioma, axiomático [com/cs/ ou/s/], áxis, axófito, axóide, axótomo, axúngia); d) na seqüência baix-, como dito anteriormente, sempre como/x/; e) na seqüência baux-, flutua (ver o caso único de bauxita e cognatos); f) na seqüência deix-, sem equívoco,/x/ (como em deixa, deixação, deixado, deixar); g) na seqüência dex + (vogal)-, é sempre/cs/ (deximontano, dexiocardia), mas já em dext- o -x- vale como -s- final de sílaba ou como/cs/ em pronúncia afetada (dextante, dexteridade, dextra, dextrocardíaco, dextrogiro, dextrorso, dextrose); h) em diox-, vale sempre como/cs/ (dioxano, dioxia, dioxirribonucléico); i) em dix + (vogal)-, vale como/x/, salvo em díxico e díxis/cs/; j) em dox-, vale sempre como/cs/ (como em doxiclina, doxografia etc.); k) em enx-, vale sempre como/x/; l) em ex-, em Portugal corresponde a/ays/ antes de consoante e a/iz/ antes de vogal, sendo esse/s/ como se de final de sílaba; já no Brasil, antes de consoante, tanto ocorre a forma/eys/, quanto/is/, sendo esse/s/ o equivalente a final de sílaba, e/i/ ou/e/ +/z/, antes de vogal; nuns quantos casos, porém, o -x-, seguido de vogal, tem pronúncia não fixada, ora com/z/, ora com/cs/, p.ex., exametamorfismo, exantema, exantemático e derivados como exantropia, exantrópico, exarquia, entre outros.
Sobre o tê, representado pela letra t, podemos dizer que se trata da décima nona letra e décima quinta consoante do nosso alfabeto. Foneticamente, o t é uma letra que representa o fonema oclusivo dental-alveolar surdo, como na palavra talvez. Vale destacar que, em alguns dialetos do português do Brasil, entre os quais o carioca, a letra t antes da vogal [i] representa o alofone africado palatoalveolar surdo do fonema/t/, como em tia, mate
O dê é a quarta letra e terceira consoante do nosso alfabeto. O dê ou simplesmente d é a letra que representa a consoante oclusiva dental-alveolar sonora do português, como em dou. Em alguns dialetos do português do Brasil, entre os quais o carioca, a letra d antes da vogal [i] representa o alofone africado palatoalveolar sonoro do fonema.
Onde, então, residiriam as dificuldades na articulação dos fonemas acima descritos? Levanto, aqui, a hipótese, da sonorização. Por sonorização, devemos entender a passagem de um fonema ou de um som surdo a sonoro, pela entrada em vibração das pregas vocais (por exemplo, em português, as consoantes fricativas finais sonorizam-se antes de vogal ou consoante sonora, como na palavra dois, em doi[z] amigos, doi[z] dedos.
A consoante /t/ é surda. A /d/ é sonora. Lembremos aqui, a primeira queixa da professora: a criança “troca o d pelo t”. E por que isso ocorre? Porque os fonemas sonoros exigem mais da criança durante a produção da consoantes, especialmente as oclusivas e fricativas.
As consoantes sonoras são sons da fala que apresentam, em sua articulação, vibração das pregas vocais, pelas sucessivas aberturas e fechamentos da glote sob pressão periódica da massa de ar expirado, o que não ocorre com os fonemas surdos. Em português são geralmente sonoras as vogais e as consoantes/b/,/d/,/g/,/v/,/z. N. No campo gramatical, são sonoras as vogais, as consoantes líquidas e as nasais; as oclusivas e as constritivas formam pares opositivos em que uma consoante sonora se opõe a uma surda:/b/:/p/,/d/:/t/,/g/:/q/,/v/:/f/,/z/:/s/,/j/:/x/; além disto, as consoantes sonoras distinguem-se das surdas por uma articulação fraca ou branda.
As consoantes surdas, como já dissemos, anteriormente, são sons vocais em cuja articulação as pregas vocais não vibram, por estarem semi-abertas, sendo, portanto, inexistente a produção de ondas sonoras de origem laríngea (p.ex., os sons [p], [t], [f], [s] etc.). Na língua portuguesa, as consoantes oclusivas e as constritivas opõem-se duas a duas pelo seu caráter de surdas versus sonoras:/p/:/b/,/t/:/d/,/k/:/g/,/f/:/v/,/s/:/z/,/x/:/j/, Mattoso Câmara Jr.
Dependendo da região do falante ou do alfabetizando em leitura, o ensurdecimento pode ser também uma marca dialetal ou uma variação lingüística. O ensurdecimento é um fenômeno que consiste na perda da sonoridade de um fonema sonoro. As sibilantes e chiantes sofrem ensurdecimento antes de consoante surda ou pausa, como na palavra paz, em pa[z] duradoura, pa[s] terrestre).
E na prática, como proceder, para fazer a reeducação da fala ou da leitura? Explorar a glote e as cordas ou pregas vocais. Mais uma vez, o docente terá, para atuar bem na alfabetização em leitura ou na reeducação lingüística da fala, que se converter numa espécie de “médico” ou “fonoaudiólogo” de modo a entender que a chamada glote é uma abertura triangular na parte mais estreita da laringe, circunscrita pelas duas pregas vocais inferiores, com cerca de 16 mm de comprimento e abertura máxima de cerca de 12 mm.
Foneticamente, a glote é o espaço compreendido entre as pregas vocais e que, durante a respiração (e a articulação das consoantes surdas e das aspiradas), tem forma triangular, fechando-se na produção das vogais, das consoantes sonoras e dos glides (ou semivogais), quando o fluxo de ar, ao passar através das pregas vocais levemente relaxadas, ocasiona a sua vibração, a que se dá o nome de voz ou sonoridade, conforme definimos anteriormente.
Para entender melhor o conceito de corda vocal há de defini-la como cada uma das duas pregas localizadas logo acima das pregas vocais que serve para fechar a laringe durante a deglutição, impedindo a entrada de alimentos e partículas estranhas no sistema respiratório, não influindo na fonação.
Mais precisamente, pode ser entendia a corda vocal como cada uma das duas pregas que se estende ao longo das paredes da laringe a partir da cartilagem tireóide até a cartilagem aritenóide, relacionada com a produção da voz. Anatomicamente, a corda vocal é entendida como cada uma das duas pregas que se estende ao longo das paredes da laringe a partir da cartilagem tireóide até a cartilagem aritenóide, relacionada com a produção da voz.
Pedir que a criança coloque a mãozinha na garganta para sentir as vibrações ou não das cordas vogais durante a produção das consoantes sonoras (vibram) e surdas (não vibram) pode ser exercício extremamente mnemônico, eficiente e suficiente para a criança compreender as distinções entre os fonemas surdos e sonoros, e, doutra sorte, levá-la à consciência fonêmica, utilizando, para isso, e ludicamente, o próprio corpo, manto do ser e templo do espírito.

Vicente Martins é palestrante, pesquisador na área de dificuldades de aprendizagem relacionadas com a linguagem e professor de Lingüística da Universidade Estadual Vale do Acaraú(UVA), em Sobral, Estado do Ceará. E-mail: vicente.martins@uol.com.br